Advertisement

Main Ad

Análise a frio de um derby arrefecido


Independente da classificação de cada uma das equipas, um jogo como o derby é sempre muito aguardado por toda a massa associativa, pois perspectiva-se um jogo bem disputado, o que nem sempre acontece! Como tal, aproveito hoje, véspera do 25 de Abril, para ter a liberdade de mostrar o que eu penso sobre este último derby, sabendo sempre que “cada cabeça, sua sentença”.
Benfica na frente do campeonato e a saber que o empate serviria para manter a distância para o seu mais directo perseguidor, Sporting com ambição de ganhar o derby para encurtar distâncias para o 2º lugar. Ambos os Treinadores não mexeram no sistema táctico das suas equipas, no Benfica falhou Jonas (por lesão) e no Sporting Marvin Zeegelaar (por castigo).
As duas equipas começaram o jogo com grande intensidade, havendo muitas bolas divididas, ambas a jogar com o bloco defensivo médio/alto, o que provocaria o encurtar de espaços no meio-campo e o jogar longe das áreas.


Sporting pressionava rapidamente face à perda de bola em todo o campo e logo aos 4min Ederson demora a decidir (não tinha a possibilidade de passe curto) e acaba por fazer penalty sobre Bast Dost. Portanto, logo no início da partida (aos 5 min de jogo), Adrien Silva fez o 1-0 na conversão da grande penalidade.


Defesa do Sporting continuaria em bloco médio/alto e mesmo depois do golo prosseguiu com qualidade a pressionar a todo o campo, “obrigando” os jogadores do Benfica a procurarem os duelos individuais ou o futebol mais directo para causar desequilíbrios. 


A meu ver, notava-se a falta de jogo interior, principalmente pela falta de um jogador como Jonas, que costuma aparecer entre-linhas para dar seguimento às jogadas. Quando não havia Pizzi para pegar no jogo, os processos passavam a ser simples, utilizando-se unicamente o espaço nas costas da defesa verde-e-branca, solicitando a velocidade dos extremos e laterais.


            Quando o Sporting conseguiu fazer alguns cruzamentos, colocou sempre muitos jogadores na área e em zonas de finalização, o que foi causando dificuldades ao Benfica. A velocidade de Gelson foi usada para as diagonais o que, por vezes, permitia uma igualdade numérica nas zonas mais próximas da baliza.
A partir dos 27 minutos, Rafa passou para o corredor lateral e Cervi passou para o corredor central, o que permitiu usar mais a velocidade de Rafa junto à linha e a inteligência táctica de Cervi no apoio a Mitroglou. Tanto o Sporting como o Benfica procuraram mais a profundidade e menos o futebol apoiado, provavelmente para evitar perdas de bola em zonas do terreno que pudessem comprometer os seus últimos redutos. 


As estatísticas da primeira parte revelavam um jogo de poucas oportunidades para ambas equipas. Sporting com mais remates dentro de área e Benfica com mais posse de bola.


Iniciada a 2ª parte continuou a notar-se alguma falta de jogo interior por parte do Benfica (apenas Pizzi o potenciava) e a clara necessidade de explorar com futebol mais vertical a defesa em bloco médio/alto do Sporting.


Outro factor importante foi a equipa do Sporting na 2ª parte continuar a pressionar em todo o campo, com a preocupação de encurtar os espaços, dificultando assim a confortável posse de bola que o Benfica habitualmente tem.


O Sporting, quando recuperava a bola, aproveitava a largura, a velocidade e a criatividade de Gelson para desequilibrar. Aos 54min podia ter sido o 2-0, com Bast Dost a falhar o alvo numa boa situação, já enquadrado com a baliza de Ederson. Os leões voltavam a entrar melhor do que o Benfica e a sair melhor das zonas de pressão com tabelas rápidas e passes verticais. 
No lado do Benfica, a entrada de Jiménez favoreceu a continuação do futebol mais directo e Rui Vitoria mudou para um 4-4-2 mais clássico, apostando na dupla Mitroglou e Jiménez. Neste período, o Benfica sentiu algumas dificuldades em controlar o meio-campo onde Alan Ruiz-Adrien-William iam sendo superiores a Pizzi-Fejsa.


Aos 65 minutos, um livre descaído para o lado direito da baliza do Sporting é batido por Lindelöf, Rui Patrício hesita um pouco (parece tentar adivinhar que seria novamente Grimaldo a bater o livre) e… estava feito o empate. Jorge Jesus antes de ser batido o livre trocara Alan Ruiz por Bryan Ruiz.


A equipa do Sporting acabou por sentir o golo e, com algumas desconcentrações, deixou de ser tão competente em alguns momentos do jogo, deixando mais espaços, sabendo o Benfica aproveitar para criar mais situações de golo.


A partir dos 65/70 minutos começou-se a notar que os blocos defensivos de ambas as equipas iam ficando cada vez mais baixos, provavelmente devido ao desgaste. O que levaria a que o meio-campo de ambas as equipas tivesse mais espaço para progredir com bola e circular entre-linhas.
O Benfica, mais satisfeito com o empate, deixou de pressionar tão alto, não arriscou tanto e baixou mais as suas linhas, fazendo 2 linhas de 4 mais compactas, deixando apenas Mitroglou e Jiménez na zona do meio-campo, procurando possíveis contra-ataques.


Aos 80 minutos Rui Vitória substituiu Mitroglou e colocou em campo Filipe Augusto, com o claro objectivo de “povoar” mais o meio-campo, eliminando possíveis desequilíbrios que poderiam existir. Jorge Jesus faz entrar Daniel Podence para agitar mais a partida, tendo este conseguido ainda algumas arrancadas (uma delas só parada em falta e com amarelo para Luisão).
No final do jogo as estatísticas mostravam um jogo com poucas oportunidades de golo de parte a parte e igual posse de bola. Fica para a história um clássico sem confusão nem expulsões.

 Destaque Sporting:



Gostei da dupla de centrais que foi apresentada (Coates e Paulo Oliveira), mas o meu destaque vai para Gelson, que soube sempre desequilibrar e criar problemas mesmo quando parecia não ter espaços. Talentos que apostam no 1x1 com tanta facilidade são raros…

Destaque Benfica:


Quem ficará na história deste jogo será Lindelöf, pelo excelente golo que marcou, mas o meu destaque vai para “o suspeito do costume” desta época - Pizzi. Foi dos únicos a conseguir que o Benfica não se limitasse a esticar o jogo na frente. Com ou sem pressão do adversário, Pizzi conseguiu pautar o jogo com excelentes variações de flanco e com qualidade em todo o campo. Um autêntico cérebro da equipa!


                                                                                  Rui Gomes

Enviar um comentário

0 Comentários