Definidos que
estão os quatro semifinalistas da edição 2016/2017 da Liga dos Campeões, que
tal um olhar sobre os perfis de cada um dos quatro Treinadores aspirantes à
vitória final em Cardiff? É precisamente isso que proponho. Um olhar, uma
análise opinativa sobre cada uma das quatro personalidades que lideram Real
Madrid, Juventus, Atlético de Madrid e Mónaco.
Se atendermos
ao historial de cada uma das equipas que irão disputar o acesso à Final, o
favoritismo determina esta mesma ordem: Real Madrid, Juventus, Atlético de
Madrid e Mónaco. Mas e se analisarmos a questão do favoritismo sob a
perspectiva dos Treinadores…será que este ordenamento se mantém? Analisemos
então cada um destes quatro líderes…
Zinedine
Zidane: O Gestor
Discreto.
Pouco expansivo. Muito menos vistoso no banco, como Treinador, do que no campo,
aquando dos seus tempos de jogador. Assim é Zinedine Zidane, o homem que
sucedeu a Carlo Ancelotti no comando técnico merengue e que, até ao momento,
conseguiu vencer tantas Champions como o seu antecessor (enquanto Treinador Principal).
Depois de ter
vivido, convivido e aprendido com o italiano, na condição de Treinador-Adjunto,
Zidane assumiu os destinos madridistas e, logo na sua época de estreia, logrou
sagrar-se Campeão Europeu. Um título que ajudou a cimentar a sua liderança e
que serviu para afastar algum cepticismo em que se viu envolta a sua nomeação
como Treinador Principal de uma das equipas mais poderosas do Mundo e, quiçá,
do balneário mais difícil do Mundo (segundo alguns).
O seu perfil
discreto, aliado muito provavelmente à liderança silenciosa que apreendeu com
Ancelotti, tem sido extremamente benéfico para a gestão de egos do balneário
merengue. E ainda que pontualmente surjam alguns rumores que dão conta da insatisfação
de um ou outro atleta, a verdade é que os “pesos pesados” do balneário parecem
satisfeitos com a gestão harmoniosa levada a cabo pela antiga estrela gaulesa. E
tem sido essa a grande mais-valia de Zidane: a sua capacidade de gestão. De
egos, de opções técnico-tácticas, de tudo quanto esteja relacionado com o
universo merengue…
Maximiliano
Allegri: O Estratega
Depois de ter
brilhado ao serviço do AC Milan, Allegri decidiu dar um novo rumo à sua
carreira, optando por mudar-se para a Juventus de Turim. Uma mudança deveras
acertada, como se pode constatar pelos êxitos alcançados a nível interno e pela
boa imagem deixada na Europa nas últimas edições da Champions. Basta recordar a
forma como a Juventus se bateu com o Bayern Munich de Pep Guardiola na época
passada.
Mas este ano,
com a chegada de Higuaín, o aparecimento de Dybala e a normal consolidação de
Ideias e Processos veiculados pelo Treinador, a Juventus assume-se como uma
equipa ainda mais candidata à vitória final em Cardiff. Principalmente depois
de eliminar o FC Barcelona numa clara demonstração de coesão, talento e
estratégia.
O facto de
terem conseguido passar 180 minutos sem sofrer um único golo do trio MSN
(Messi-Suarez-Neymar) espelha a coesão defensiva patente nos homens de Turim.
Todos participam do Processo Defensivo. Inclusivamente Mandzukic, este ano “exilado”
como Médio Ofensivo Esquerdo (ou Extremo Esquerdo, se preferirem), outrora
Ponta de Lança de referência de Bayern Munich e Atlético de Madrid, por
exemplo.
O talento
colectivo tem feito a diferença ao longo da época, mas nos momentos cruciais é
o talento individual de nomes como Dybala, Higuaín, Cuadrado, Pjanic, Khedira,
Dani Alves ou Buffon que tem ajudado a desbloquear algumas situações.
Se a tudo isto
juntarmos um Treinador que tanto coloca a sua equipa a assumir as despesas do
jogo como a esperar pacientemente pelo momento certo para desferir o golpe
fatal ao adversário (basta acompanhar a época bianconneri para saber que
estamos perante uma equipa que tanto joga em 1x3x5x2, como em 1x4x2x3x1, como
em 1x4x4x2), ficamos a conhecer então o lado mais estratégico da Juventus. Com
a nítida impressão digital do estratega Allegri…
Diego Simeone:
O Bélico
O mais
competitivamente competitivo de todos os Treinadores semifinalistas. O reforço
da ideia é propositado, ou não fosse “El Cholo” uma verdadeira máquina de
competição. Os seus treinos são mundialmente famosos pela sua dureza e pela sua
intensidade, os seus jogadores são conhecidos por correrem sempre mais do que os
seus adversários e a sua equipa é conhecida por nunca se render…jogue contra
quem jogar.
Assim é Diego
Simeone e assim é o seu Atlético de Madrid: uma alma do tamanho do Mundo, uma
crença e uma fé inabaláveis na sua forma de jogar, um coração capaz de bater
mais depressa do que os restantes e uma mente preparada para sofrer…se assim
tiver de ser.
De todos os
Treinadores semifinalistas, Simeone é claramente aquele que está mais preparado
para a “guerra”, pois é assim que ele encara todos os seus jogos: como se de
uma guerra se tratasse. Daí que os seus jogadores disputem cada lance como se
fosse o último das suas carreiras. Daí que os seus jogadores estejam dispostos
a “meter a cabeça onde os restantes metem o pé e a meter o pé onde os restantes
metem a cabeça”, como diz o Povo.
Presentes pela
terceira vez em quatro anos nas semifinais da Liga dos Campeões, não há ninguém
mais belicista do que os colchoneros, nem há ninguém mais bélico do Simeone.
Caso cheguem à Final, veremos se, à terceira, será de vez…
Leonardo
Jardim: O Aventureiro
Sejamos
sinceros: Quem acreditaria, no início da época, que o Mónaco de Leonardo Jardim
estaria nas meias-finais da Liga dos Campeões, tendo deixado para trás o Manchester
City de Pep Guardiola (na melhor eliminatória do ano, a meu ver) e o Borussia
Dortmund de Thomas Tuchel? Provavelmente nem o próprio Leonardo Jardim, por
muito crente que seja (e esteja) do seu talento como Treinador.
Mas a verdade
é que os monegascos estão novamente na ribalta do Futebol Europeu graças a um
futebol atacante, destemido, descomplexado e direccionado para o espectáculo
(ainda que algo desequilibrado, em abono da verdade). Nomes como Mendy, Lemar,
Fabinho, Bakayoko, Bernardo Silva, Germain, Falcão e Mbappé estão na moda,
graças ao futebol ofensivo promovido pelo antigo Treinador do Camacha,
Desportivo de Chaves, Beira-Mar, Sporting de Braga, Sporting Clube de Portugal
e Olimpyakos.
Um futebol que
procura constantemente a baliza adversária, que anseia pelo golo e que não se
limita a saciar a sua “sede” com um resultado de 1-0 ou 2-1. Não! Este Mónaco
quer mais. Quer sempre mais. E por isso vai sempre à procura do golo a seguir
ao golo. Num ritmo frenético, em cavalgadas técnico-tácticas que conseguem
conjugar as Ideias do Treinador com o poder colectivo e com o talento
individual de cada uma das “estrelas” monegascas.
Se os golos
são o sal do Futebol e aquilo que mais atrai aos espectadores, então este
Mónaco é claramente a equipa mais atraente destas meias-finais, do ponto de
vista ofensivo. Goste-se ou não do frenesim com que sempre partem em busca de
mais um golo, a verdade é que os monegascos são a equipa mais aventureira da
presente edição da Champions. E Leonardo Jardim é, claramente, o maior
aventureiro de todos os Treinadores…
Todos
diferentes, todos iguais. Diferentes na personalidade, na forma como idealizam
e abordam o jogo. Iguais na máxima ambição e no legítimo desejo de quererem vir
a ser o próximo Treinador Campeão Europeu. Os dados estão lançados, as cartas
estão na mesa…resta apenas aguardar pelas meias-finais.
Até lá, façam
as vossas apostas - quem será o próximo Treinador Campeão Europeu: o Gestor, o
Estratega, o Bélico ou o Aventureiro?
Laurindo Filho
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