Umas
das preocupações permanentes do Futebol não profissional, seja ele de Formação
ou Sénior, reside na constante dificuldade em conseguir um grupo homogéneo,
assíduo, intenso, concentrado, unido e que compreenda o que é importante
absorver nos treinos e jogos.
A
propósito do reconhecimento do sacrifício e entrega de atletas, não posso
deixar passar em branco, e usar como exemplar, a grande resposta dada pela
minha equipa na passada semana. Tendo várias jogadoras universitárias no
plantel, em semana de Queima da Fitas com cortejo no domingo, em que para
algumas era o ano de presença no Carro, para outras o ano de Cartola e Bengala,
mas para todas elas era a semana, o dia de partilhar com família e amigos este
momento único e simbólico.
Muitas vezes é o trabalho, são os exames, as
dificuldades pessoais, a família, os amigos, as companhias ou a má gestão do
tempo, que levam a colocar os treinos e os jogos em segundo plano.
Se em muitos casos a justificação tem a sua
lógica e deve, obrigatoriamente, ser aceite pelo clube e pela Equipa Técnica,
na maioria das vezes também acontece o oposto, em que a justificação fica muito
aquém do aceitável para quem gere um clube ou treina uma equipa. Com estes
cenários é importante demonstrar e dar a entender explicitamente que quem perde
num primeiro momento é o atleta e posteriormente a equipa.
Sendo o Futebol Feminino a categoria desportiva
que mais praticantes tem angariado nos últimos tempos, é também aquela que
maior dificuldade sente para conseguir reunir todos os recursos durante a
semana para atingir um objectivo global.
Sabendo das inúmeras incapacidades que os clubes
têm para ultrapassar todos os obstáculos, urge conseguir dotar as equipas de
pessoas com um sentido autocrítico elevado, com crítica positiva, analistas da
vida humana, responsivos educacionais e, principalmente, que saibam reconhecer
o sacrifício de quem nos rodeia. Só desta forma poderemos mobilizar,
sensibilizar, criar melhores atletas, potenciar treinos e obviamente obter
melhores equipas.
Sabendo que a equipa ficaria sem metade das
habituais jogadoras, sabendo que a única solução seria a vitória no jogo de
domingo, a opção tomada pela equipa, sem pressão alguma do clube ou Equipa
Técnica, foi fantástica e surpreendente. Fazer todos os treinos e realizar um
grande jogo, sacrificando um dia, que outras não fariam, e lutando ao lado da
família que adoptaram durante 10 meses só está ao alcance de grandes grupos.
Quando o sacrifício é global as jogadoras são
únicas.
Quando o sacrifício é em equipa o que conseguem é
único.
Quando o sacrifício é de união a resposta será
sempre vitoriosa.
Obrigado.
Filipe Silva
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