Uma das características do ser humano é o de
observar para compreender e evoluir. No Futebol não será diferente! Antigamente
não existia a função de Observador nas Equipas Técnicas, tal como os conhecemos
hoje. No entanto, com o passar dos anos, e reconhecida a sua importância, o Observador
passou a ser um elemento relevante e aliciante.
Actualmente ainda existem Treinadores que não
mostram interesse na observação do adversário pois, segundo eles, preferem
concentrar todas as atenções na sua própria equipa. Outros, mesmo reconhecendo
a sua mais-valia, não os têm nas suas Equipas Técnicas por falta de recursos
para o poderem exigir.
O Observador permite que o Treinador estude ou
obtenha, mais rápida e fidedignamente, noções sobre o adversário, podendo assim
tirar partido de possíveis fragilidades e/ou melhorar a forma de se precaver
dos seus pontos fortes.
E como é para o atleta?
Se a informação da observação for trabalhada
(curta e objectiva) e quase personalizada, o atleta vai sentir-se mais seguro
sobre o adversário e psicologicamente vai sentir-se mais forte para o dia de
jogo.
Quando José Mourinho chegou ao Benfica, em
2000, confrontou-se com a realidade do clube e, porventura, do Futebol Nacional:
"Solicitei ao Departamento de Observação do clube a análise completa do
adversário. Esperei, então, por uma observação detalhada da equipa do Boavista:
os seus traços mais marcantes, a forma como jogava, os pontos fortes e fracos,
o perfil dos jogadores, as suas qualidades e defeitos, etc. Enfim, nada de
especial, tendo em conta a grandeza de um clube como o Benfica e os seus níveis
de profissionalismo. Quando me entregaram, por escrito, o relatório, dei comigo
a olhar para uma equipa com apenas dez jogadores... É verdade, pelo que me foi
entregue, no desenho e na análise táctica, o Boavista jogava só com dez
jogadores, sendo que o ausente era, "só", o Sanchez, um dos jogadores
mais influentes da equipa" (no livro de Luís Lourenço).
O papel de Observador é muito mais do que um
sujeito que grava um vídeo do jogo. Ele tem que saber o que analisar, como
analisar e saber trabalhar essa informação de forma a que os Treinadores e,
principalmente os atletas, consigam compreender o que é pretendido.
O que observar?
Depende do que são as prioridades do Treinador
Principal! Por exemplo, há Treinadores a quem praticamente só lhes interessa em
perceber o comportamento do adversário nas bolas paradas; outros preferem saber
a forma como a equipa sai a jogar para saber se pressiona e como vai ser feita
essa pressão; a outros ainda só lhes interessa saber o sistema táctico, etc…
Para além dessas questões de identificação, o
Observador pode (se tiver essa liberdade) propor soluções ao Treinador
Principal, tendo por base o que o adversário apresenta, sem esquecer também a
sua principal base: a sua própria equipa! Daí também ser importante que os Observadores
estejam a par do que se passa internamente com as equipas e, se possível,
trabalharem junto delas durante a semana de treinos.
Concluindo, penso que a função do Observador cada
vez fará mais sentido numa Equipa Técnica, pois são cada vez mais os pormenores
que desequilibram e determinam as vitórias!
Rui Gomes
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