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Semear e Colher os Frutos: Mudar a Realidade Virtual


No seguimento do artigo da semana passada, “Escolas de Futebol – O Paradigma da Formação”, pareceu-me pertinente abordar um assunto que tem estado arrefecido nos últimos tempos, mas que continua a provocar uma enorme dor de cabeça aos clubes formadores.
Olhando a um passado recente, recordo-me de uma célebre história que me envolveu durante o meu período de transição para o escalão de Juvenis enquanto jogador. Na altura, fruto do bom desempenho que vinha a conseguir, sendo presença assídua na selecção do meu distrito, um clube de renome nacional queria que me juntasse às suas camadas jovens. Um jovem cheio de ilusão nunca poderia esperar que o acordo entre clubes não chegasse! Sim, porque até há pouco tempo atrás, qualquer Atleta que quisesse transferir-se para outro clube precisava que a entidade a que estava ligado lhe cedesse uma carta de transferência, pois durante o período em que estivesse em competição permanecia ligado ao clube referente à última época desportiva. E com a falta de acordo, nada feito. O poder estava nas mãos do clube que detinha o meu passe! 11 Mil € foi a quantia pedida para me libertarem. ONZE MIL EUROS por um atleta com 15/16 anos, ouviram bem!
         Com isto, e falando de uma experiência pessoal, refiro-me a um assunto delicado e que deve ser resolvido de forma a agradar a todas as partes. Com o término dessa posse de um Jogador por parte de um Clube, actualmente qualquer Atleta pode chegar ao final de época e pegar nas suas coisinhas e pôr-se a andar, sem dar explicações a ninguém. Não interessa se foi-lhe dado o espaço necessário para todo o seu processo de aprendizagem até ao momento ou se cada dirigente o tratou como se de um filho se tratasse.
         O que interessa é o que pai e a mãe decidem e, como tal, se o “Messizinho” conseguir um contrato melhor no Real Madrid da cidade, porque não?  


           Através de uma abordagem através da minha experiência pessoal, reflicto sobre um problema que afecta o Atleta, os Pais e os Clubes. Deveria ser criado um sistema com a posse por parte do clube actual, mas sem afectar o crescimento do Atleta. E quero então dizer que não se pode “cortar as pernas” a um jovem apenas porque sim ou por ganância de um super contrato por um valor exorbitante através de um atleta amador e de nível distrital. Os Clubes também não podem continuar a sair lesados através da perda constante de jogadores, alguns apenas por capricho e outros por ilusão de um futuro repentino melhor.
         Seria interessante, na minha óptica, a criação de um acordo que celebrasse o contentamento das várias partes envolvidas. E esse acordo terá de passar por um abrir de portas ao atleta no final de cada época para que, juntamente com o seu Encarregado de Educação, possa decidir o “melhor” para o seu futuro.
      Conjuntamente o Clube deveria abrir essas portas, como actualmente o faz forçadamente. A grande diferença passaria pela definição de um valor simbólico e sem extravagância que servisse como recompensa para o clube que prescinde dos serviços do Jovem Atleta. Algo que não impediria a transferência do Atleta e que permitiria que o Clube fosse ressarcido de alguma forma e ajudasse à criação de outras estratégias de sobrevivência por parte dos Clubes Formadores.
        Esta medida teria um cariz essencial para a sobrevivência do Futebol Distrital Jovem e dos vários clubes mais pequenos, que esporadicamente conseguem jovens atletas com um valor acrescido e rapidamente ficam sem eles e sem nada em troca.
       A reformulação sobre a Posse de um Atleta seria benéfica para todas as partes envolvidas e certamente colheríamos frutos com um Futebol mais limpo dentro da Formação.

Ricardo Carvalho

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