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A Inesperada Guerra dos Tronos


Para quem está habituado a ver a série televisiva Game of Thrones (Guerra dos Tronos), ou ler a série de livros intitulada The Song of Ice and Fire (Crónicas do Gelo e do Fogo), de George R.R. Martin, depressa se habitua a momentos chocantes e reviravoltas épicas que emocionalmente ligam cada um às diferentes histórias contadas.
Aparentemente, e segundo notícias veiculadas pela imprensa portuguesa, poderemos ter uma inesperada guerra dos tronos no Sporting C.P. e no F.C.Porto no final da temporada, quando tudo previa que os três grandes mantivessem os seus treinadores para 2017/2018: Rui Vitória, perto de se tornar bicampeão ao serviço do S.L. Benfica; Jorge Jesus a assumir o rival da segunda circular pela terceira temporada seguida e Nuno Espírito Santo a manusear o dragão na busca pelo título que já foge há demasiado tempo.
Levantadas inesperadas incertezas sobre a continuidade de Jorge Jesus e Nuno Espírito Santo nos respectivos clubes, cabe-nos compreender se têm condições para continuar. Cabe-nos também atentar aos pontos-chave do insucesso de cada um, onde estiveram os principais erros, e claro, saber se são as vítimas ou os principais culpados pelo fracasso das suas épocas.
Quanto a Jorge Jesus, caiu que nem uma bomba no Futebol Português a sua chegada ao Reino do Leão. Um Treinador que tinha-se assumido como um ganhador no eterno rival chegava ao Sporting com a missão de terminar com o jejum de títulos que o clube de Alvalade enfrentava. Depois de dois treinadores com enorme qualidade (Leonardo Jardim e Marco Silva) que potenciaram as equipas que lhes foi possível ter em Alvalade, a conquista da Taça de Portugal em 2014/2015 augurava um futuro próximo risonho para a turma verde e branca. Na primeira época Jesus quebra o recorde de pontos do Sporting no campeonato, não sendo campeão. Na segunda época é afastado da corrida do título desde muito cedo, é afastado das Taças desde muito cedo, é afastado da Liga dos Campeões pelo colosso Légia de Varsóvia e vê uma série de contratações por si recomendadas falharem redondamente, à excepção de Bas Dost. 
Meli, Petrovic, Elias, Markovic, Douglas, Castaignos, Campbell e André foram alguns dos fetiches do actual Treinador catedrático do Sporting, os quais contribuíram para uma época desastrosa ao nível desportivo. Uns saíram do clube sem jogar, outros nem deveriam ter jogado, canalizando todas as atenções do fracasso leonino para o Treinador. Há que ser sérios: um Treinador que chama a si tanta responsabilidade (Treinador e Manager), com poderes e tomadas de decisão na escolha do seu plantel terá depois de responder pelo sucesso ou fracasso do seu trabalho. 
Como explica o leitor do Futebol Apoiado que, com todas estas condições, Jesus não ganhe em dois anos o que Marco Silva ganhou em um, tendo contra si toda a estrutura do clube? Como explica o leitor do Futebol Apoiado que, com toda esta margem de decisão, não chame a si a responsabilização pelo fracasso, culpando o guião de uns ou as terceiras escolhas, que por si foram escolhidas? 
Quando atento ao perfil de Jorge Jesus, considero o projecto sportinguista um paradoxo. Uma suposta aposta na prata da casa, misturada com jogadores de reconhecida qualidade parece-me ser o projecto de Bruno de Carvalho, enquanto prata da casa não existe no vocabulário de Jesus. Um processo a seguir, que terá conhecimentos nos próximos tempos, mas crucial para o futuro próximo de um clube sedento daquilo que Jesus por incompetência ainda não deu. 


Viajando 314 quilómetros para Norte, temos o Reino do Dragão, chefiado por Nuno Espírito Santo. Sou sincero em relação à minha surpresa aquando da sua contratação para novo treinador do F.C. Porto. Ainda assim, o antigo Guarda-Redes portista assumiu o reinado do seu coração com a frase “ Ser Porto é ganhar “. 
Será que a estratégia escolhida no Estádio da Luz, perante inferioridade pontual na classificação, que passou por um encolhimento ofensivo para defender o 1-1, quando uma vitória resultaria na obtenção da liderança foi “Ser Porto”? A caminhar para o final do campeonato, quando as chances da equipa de NES ser campeã são praticamente nulas, já temos o resultado dessa tomada de decisão. Ao não “Ser Porto”, abdicou na Luz das suas hipóteses. Não esquecendo obviamente os inúmeros empates ao longo do ano. 
Falando do Porto, falamos de uma grande incapacidade de ligar a primeira e a segunda fase de construção no jogo da equipa. Há constantes períodos de posse de bola inconclusiva na equipa do Porto. Aqui falhou o Treinador Nuno Espírito Santo, que acaba a primeira temporada sem títulos e sem conseguir agradar à exigente bancada do Dragão, pois nunca conseguiu praticar um futebol de grande qualidade.
O F.C. Porto teve uma segunda volta melhor que a primeira, mas poderemos nós assumir o sucesso de NES neste facto? Entendo que a chegada de Tiquinho Soares teve um impacto extraordinário naquilo que foi a concretização das hipóteses de golo criadas pelo F.C. Porto, mas criou um foco de instabilidade aquando da utilização de André Silva. Depois há que explicar o apagamento de Miguel Layún e Brahimi ter aparecido tão tarde na equipa.
Há que salientar que este elenco não tem a mesma qualidade de outros anos. O F.C. Porto habituou os seus adeptos a grandes equipas e este plantel não chega aos calcanhares de elencos como o que José Mourinho ou André Villas-Boas tiveram à sua disposição, mas haveria espaço para fazer melhor? Penso que sim…
Mas terão estes dois Treinadores condições para se manterem donos do seu trono? Caso haja mudanças, que Treinadores estarão na calha para assumir Sporting e Porto na tentativa de acabar com esta mini hegemonia benfiquista? Teremos algum Treinador estrangeiro a suceder a Julien Lopetegui como novo Treinador estrangeiro ao comando de um grande? Que a guerra dos tronos comece! 

Pedro Cardoso


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