Pensar o
treino é uma crónica dentro da temática de Guarda-Redes, idealizado e focado
essencialmente em debater questões relativas ao treino de Guarda-Redes.
Numa conversa
com um colega de profissão veio “à baila” o tema que vos apresento hoje e como
a perceção desse tipo de exercícios tem vindo a mudar ao longo dos tempos.
Pessoalmente é uma questão com a qual já me debati anteriormente por ter
trabalhado com diferentes escalões etários e em diferentes patamares
competitivos. Enquadra-se num âmbito teórico, mas a ideia é transportar toda
essa teoria para a prática e perceber como isso pode influenciar o treino e a
evolução do Guarda-Redes.
Numa sessão de
treino podem ser usadas várias metodologias. Desde o Método Analítico
(situações fechadas, sem decisão e descontextualizadas), ao Método Global
(situações abertas com muita variabilidade de acções e de decisão, contextualizadas
ao jogo) e o Método Misto (entre as duas anteriores, um misto de situações com
pouca variabilidade de decisão que podem ser contextualizadas ao jogo).
Cada vez mais
progredimos para métodos globais e formas aproximadas à realidade do jogo
(trabalhando o jogo ou partes dele) porque talvez essa seja a forma mais
aproximada do que se pretende trabalhar e evoluir, com variabilidade de
situações, leituras, decisões e acções.
O que pretendo
falar mais assertivamente é sobre o Método Analítico. Parece-me que quando ouvimos
falar de trabalho analítico, no caso dos Guarda-Redes, estamos a falar de algo démodé e ultrapassado. Vou passar a
descrever a minha opinião sobre qual a importância do Método Analítico no
contexto de Formação e no contexto de Rendimento.
No contexto de
Formação o método analítico é importante na consolidação das bases técnicas, na
correcção de erros e vícios e funciona como forma de progressão para um aumento
da complexidade na sessão de treino. Deve-se enquadrar prioritariamente ao
início da sessão, mas isso não quer dizer que não possa ser feito noutra altura
qualquer.
No contexto de
Rendimento esta metodologia é importante na automatização dos gestos técnicos e
na correcção de pormenores essenciais para o aumento da eficácia em determinada
técnica. O Método Analítico, por ser baseado em situações fechadas e de
complexidade baixa, é uma boa estratégia para incrementar a confiança do
Guarda-Redes. Numa sessão de treino pode ser interessante, por exemplo,
trabalhando o 1x1, começar por um trabalho analítico das várias técnicas,
através do qual se pode aumentar a taxa de sucesso do Guarda-Redes na execução
dessa técnica, permitindo ainda a rápida correcção de um qualquer pormenor. Com
isto não digo gastar 1/3 da sessão específica com este género de trabalho, mas
sim passar por esse trabalho como forma de progressão para o resto da sessão.
Este tipo de trabalho normalmente é mais individualizado e adaptado às
necessidades de cada Guarda-Redes, sendo importante aproveitar os tempos em que,
por exemplo, temos três Guarda-Redes na sessão de treino e só dois estão a ser
utilizados.
Concluindo,
tudo se resume ao Equilíbrio entre os vários métodos e ao Bom Senso na escolha
daquilo que cada Guarda-Redes necessita no momento. O objectivo é a evolução
diária dos nossos Guarda-Redes e para isso nem sempre é preciso pensar se
estamos a fazer um exercício analítico ou global, mas sim trabalhar de uma forma
lógica e com progressão da complexidade ao longo da sessão.
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