Pensar o treino é uma crónica dentro da temática de Guarda-Redes,
idealizado e focado essencialmente em debater questões relativas ao treino de
Guarda-Redes.
Na crónica desta semana venho falar das “pistas de aviação”. Numa
conversa com jogadores à chegada do campo de treinos, achei curioso o comentário
de um atleta para descrever todo o aparato de bases e material que se
encontrava no relvado: “o Homem já tem a pista de aviação montada”. Apesar do
exemplo inicial, vou simplesmente me cingir ao que sei e sobre o qual tenho uma
opinião formada - o treino de Guarda-Redes.
Qualquer Processo de Treino deve obrigatoriamente ter um objectivo. Depois
entra em campo a sabedoria e a metodologia de cada Treinador para encontrar maneiras
de trabalhar para esse objectivo. Existem vários métodos e processos que podem ser
utilizados, assim como existem vários caminhos para chegar ao mesmo local, mas no
fim de contas o que interessa é chegar ao objectivo. Uns percorrerão um caminho mais conciso e esclarecido,
outros um caminho mais longo, mas todos terão o mesmo em mente: chegar ao objectivo.
Dois termos simples, mas que podem ter muito a dizer são: “Back to the basics” e “Keep it simple”. Voltar ao básico e
manter as coisas simples. Às vezes queremos
tanto que o nosso treino seja completo, interessante e desafiante para os
nossos Guarda-Redes que acabamos por exagerar. Já me aconteceu. Às vezes
acontece. Daí a importância do objectivo e da constante reflexão sobre o
trabalho realizado. Por vezes a solução é voltar às raízes, quer sejam mais
técnicas ou mais tácticas, trabalhar em função do jogo, sem inventar muito. Acima
de tudo, e tendo em conta o panorama em termos temporais do trabalho específico
dos Guarda-Redes, é preciso por vezes nos cingirmos ao mais básico e essencial
e manter o exercício simples.
Dois exemplos do que tenho visto e aprendido em algumas formações é o
exemplo da Escola Alemã: nada de muito complexo, acções simples, mas de alta
eficácia técnica e física. Contexto semelhante ao jogo, mas sem grandes
invenções. A Escola Espanhola é diferente, usando muito material e até com
propósitos diferenciados. Não questiono o seu uso, mas sim se por vezes não será
cair no exagero e no ridículo. Como referi num texto anterior a Escola
Portuguesa é um misto de influências (tanto da Escola Espanhola como de tantas
outras).
Outro exemplo é o uso de bases e
outro material num contexto de baliza. Não teremos tudo o que precisamos num
contexto de baliza com marcações? No jogo vai existir a base como referência?
Na minha opinião, principalmente em trabalho posicional, é essencial estar num
contexto de baliza e manter a situação simples, usando somente referências do
jogo – linhas de marcação, bola e jogadores.
Concluindo, este texto é uma reflexão para os Treinadores de
Guarda-Redes. Pensar o treino, pesquisar e debater-nos constantemente sobre a
nossa metodologia, de modo a melhorar o nosso processo, para que no final quem
tenha a ganhar sejam os Guarda-Redes. Volto a referir algo que foi
também ponto essencial do meu último texto: Equilíbrio. Não sejamos extremistas, mas também não sejamos “Maria vai com as outras”.
Miguel Menezes
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