Três grandes e o campeonato está bem disputado. Cada um soma vitórias
como resultados dos seus jogos, mas todos sabemos que a partir de Setembro o
campeonato é outro. É outro porque, infelizmente e contra aquilo que considero
aceitável, o Mercado de Transferências termina dia 1 de Setembro, com
campeonato, provas europeias e Supertaças já disputadas. Essa é outra conversa,
a qual já está a ser debatida em Inglaterra.
O Benfica levou de vencida o Chaves de Luís Castro com um golo de
Seferóvic aos 90+2min. Mas não o fez sem revelar algumas fragilidades. Num
momento em que já conseguia encostar o adversário ao seu meio-campo, entregar o
flanco direito a um jogador como André Almeida revelou-se bastante curto, numa
fase em que a equipa já só atacava. Mesmo Bruno Varela, que começa a ganhar
alguma confiança à medida que os jogos correm, parece ser um plano B no ataque
à época 2017/2018. Com efeito, tirando a questão dos quatro avançados, em que
me parece claro que um deles poderá sair, a tarefa do Benfica neste mercado
prende-se mais com arranjar soluções do que vender. Nesse capítulo já fez o seu
trabalho muito bem feito. Torna-se portanto imperativo a contratação de um
guarda-redes e um defesa-direito, sendo que a época do Benfica, que já
apresenta uma qualidade exibicional interessante para a fase em que nos
encontramos, poderá depender muito da qualidade dos possíveis futuros reforços.
Quanto ao Futebol Clube do Porto, um clube que está numa situação
complicada devido às restrições do Fair Play Financeiro, apenas apresenta para
a nova época a contratação de Vaná, guarda-redes que será suplente de Casillas.
As novidades que o clube da Invicta apresentou para a nova época foram os
regressos de Ricardo Pereira e Aboubakar, perante as vendas de André Silva e
Ruben Neves que deixaram um sabor agridoce aos adeptos do clube. Perante a
situação em que se encontra, o clube que contratou Sérgio Conceição para render
Nuno Espírito Santo parece focado em manter a espinha dorsal da equipa,
resistindo ao assédio a Danilo Pereira.
No que diz respeito ao que Sérgio Conceição pode precisar, entendo que, caso haja
possibilidade, um central para ser uma clara alternativa à dupla de Marcano e
Felipe, e um extremo que possa ser uma sombra de Brahimi e Corona, tanto do
lado direito como do lado esquerdo, parecem ser aquisições que dariam muito
jeito ao universo azul e branco. Numa diferente óptica em relação ao Benfica,
seriam reforços não para entrar de caras no onze titular, mas para dar
competitividade a um plantel parco em contratações. Porque olhando para o
plantel portista, a ideia que fica é que lhe falta competitividade, havendo uma
grande diferença entre a qualidade dos que têm sido eleitos e a qualidade dos
que esperam por oportunidade.
Em relação ao Sporting Clube de Portugal, estamos na presença do caso
mais interessante e bicudo desta última fase do mercado. Numa análise fria e
concreta, a equipa com William Carvalho e Adrien Silva é claramente mais forte.
William é aquele que melhor é capaz de pautar (devido à sua qualidade no passe)
o jogo ofensivo do Sporting, sendo também uma peça fundamental na manobra
defensiva da equipa. Adrien é um jogador exímio no controlo dos ritmos de jogo,
sendo tacticamente um jogador bastante valioso, mas com um rendimento ainda
aquém daquilo que pode dar. Penso que Adrien, sem William atrás, iria revelar
dificuldades. E adianto que me parece mais difícil substituir William do que
Adrien neste momento. William dá um critério ao jogo ofensivo do Sporting que
Battaglia, apesar de demonstrar qualidade, ainda não tem capacidade de dar, ao
passo que Bruno Fernandes por ser um jogador de grande qualidade, ainda assim
em termos de características diferentes de Adrien Silva, me parece preparado
para se assumir como um jogador a ter em atenção, inclusive para Fernando
Santos.
Muito do que a equipa de Jorge Jesus poderá fazer neste campeonato poderá
residir na permanência de William Carvalho e Adrien Silva em Alvalade, senão
vejamos: a equipa arrancou para a nova época com um plantel de enorme qualidade
e um investimento, novamente, avultado, todavia, a qualidade exibicional demonstrada
para já é demasiado curta para se perspectivar uma possível conquista. Já
juntou um resultado bastante arriscado em casa frente ao FC Steaua Bucareste
por 0-0, o que obriga o Sporting de Jesus a ir à Roménia marcar e a novo
desgaste físico…(???)
Com efeito, e lançando um dado relevante
que me leva a considerar importante a permanência dos capitães de equipa, este
plantel conta já com onze reforços. Desde que Jesus chegou contrataram-se
vários jogadores, é uma evidência. Mas importa também realçar que Jonathan
Silva, Tobias Figueiredo e Iuri Medeiros também não faziam parte do plantel na
época passada. São já catorze jogadores que na época passada não estavam às
ordens de Jesus, o que não permite ao Treinador ter na mão um plantel
completamente ciente das suas ideias.
Acresce a esta discussão a ideia de que os "grandes" de Portugal são clubes vendedores. O Sporting entrou nessa dinâmica a época passada com as vendas
de João Mário e Islam Slimani e é uma política que deve ser seguida por
Sporting, Benfica e Porto: formar ou contratar a baixos custos para potenciar e
vender, mantendo assim as contas minimamente equilibradas. Perante mais um investimento
de peso, seria importante o Sporting fazer um encaixe para lá de Ruben Semedo. Resta
também saber se a resposta do Sporting à venda de William ou Adrien, ou ambos,
seria eficaz (novo ataque ao mercado). E agora o que fazer?
O Benfica atacará o mercado em busca de reforços com qualidade para
elevar a sua qualidade exibicional, que já impõe respeito, o F.C.Porto terá
como missão apetrechar o seu plantel de competitividade e de soluções para concorrer
com os jogadores que somarão mais minutos e no Sporting Adrien e William são
alvos de clubes da Premier League. Se tínhamos um campeonato a três até agora,
a partir de Setembro continuaremos a ter, mas até que ponto é que o mercado não
terá uma enorme influência na classificação final da Liga Portuguesa 2017/2018?
Pedro Cardoso
0 Comentários