Este fim-de-semana tivemos a final dos campeonatos nacionais de Futebol
de Praia na Nazaré, localidade que tem apostado nesta modalidade para se
promover internacionalmente do ponto de vista turístico e que tem recebido um
conjunto interessante de competições nacionais e internacionais. Não podendo
falar dos resultados finais (uma vez que este texto foi escrito anteriormente),
venho falar daquilo que tem sido o desenvolvimento e a actualidade da
modalidade no nosso País.
Já fomos Campeões do Mundo recentemente, é habitual conquistarmos a
Europa ou variados Tour’s e sem dúvida que fazemos parte do conjunto de 2/3
selecções mundiais que fazem frente ao todo poderoso Brasil. Isso deve-se a um
trabalho de rotação competitiva interessante junto da nossa Selecção Nacional,
que consegue ter dos calendários mais preenchidos (se não o mais preenchido) a
nível Mundial. Tratando-se de uma modalidade em que a maioria das participações
em competições parte de um convite prévio do organizador (ponto comum em todos
os Tour’s), o facto de Portugal estar presente num número acima da média
demonstra bem a notoriedade e respeito que foi conquistando mundialmente.
No entanto, e juntando este estatuto a um conjunto de conquistas
dificilmente igualáveis noutras modalidades no nosso País, há que olhar para
aquilo que representa um só jogador, o melhor do Mundo e o embaixador máximo da
modalidade, Madjer.
Esta realidade actual de Portugal é contemporânea com o desenvolvimento
de um campeonato nacional, com duas divisões e com variadas etapas e séries,
com o objectivo de reduzir os custos das equipas e de tornar o campeonato
competitivo, realizando-se em ambas as divisões, uma etapa final em que são
decididos os grandes vencedores. Sem dúvida que este passo foi crucial para que
Portugal deixasse de ser só Madjer e passasse a contar com diferentes elementos
que acrescentam qualidade, ao mesmo tempo que veio construir um conjunto de experiências
competitivas e de conhecimento de jogo que anteriormente não era permitido,
colocando assim Portugal no patamar de excelência em que se encontra
actualmente.
Existem ainda outros pontos que merecem realce: se juntarmos as
contratações internacionais que as equipas fizeram para esta etapa final, com
jogadores de topo e que vêm dar a outras equipas (para além do Sporting) a
capacidade de ombrear e lutar de igual para igual pelo maior título nacional.
Com esta adição, o jogador português vê-se obrigado a crescer e a desenvolver
as suas capacidades com a experiência competitiva adquirida. O interesse de
alguns canais televisivos que transmitem as etapas em directo é algo que também
traz maior capacidade financeira aos clubes e maior visibilidade para toda a
modalidade, detalhe de enorme valor que a F.P.F. tem aprimorado tanto no Futsal
como no Futebol de Praia e até no Futebol Feminino e CPP.
No entanto, o ponto positivo que para mim tem maior impacto é aquele que
o Sporting de Braga dá, ao construir de raiz na sua novíssima e luxuosa Cidade Desportiva: um campo de treinos de Futebol de Praia com
todas as condições que se poderiam desejar, igualando o espaço físico de um
atleta de Futebol de Praia com um de Futebol. Isto é um claro sinal de evolução
e perspectiva de crescimento desta modalidade em Portugal.
Mas o caminho ainda é longo, mal
seria se assim não fosse, podendo apontar-se:
- Falta de formação de Treinadores, que faz com que o jogo seja muito
intuitivo e pouco trabalhado, promovendo experiências do jogo mas conhecimento
limitado do mesmo
- Ausência de alguma seriedade e profissionalismo em algumas equipas,
deixando o que de bom tem o voluntarismo e convívio semanal que a competição
promove, para um fantástico ambiente competitivo profissional (no comportamento
e não no bolso), organizado e cuidado, com visão e projecção dos passos e
etapas de desenvolvimento
- Falta de maior atenção por parte da F.P.F. em período de “férias”,
que por vezes deixa passar pormenores de importância máxima, acabando por
contribuir para a pouca seriedade que espaçadamente é visível
- Falta mais regularidade competitiva, duplicando ou triplicando os
ganhos visíveis
Todas estas limitações que se
podem observar partem também de uma limitação financeira que obstrui tudo o que
se poderia fazer, sendo, por isso, um momento extremamente positivo aquele que
se vai assistindo em Portugal.
Mesmo assim, há que referir que
representando isto algo de bom, também representa que nos outros países pouco
ou nada se faz, havendo campeonatos que duram uma semana e nada mais acontece e
outros onde nada de nada acontece, o que se traduz numa responsabilidade
acrescida para a nossa Selecção Nacional de apresentar, no futuro, um nível semelhante
ao que tem apresentado. Mesmo sem o maior embaixador desta modalidade, pois
nada é eterno, embora isso neste caso seja um pecado.
João Almeida
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