Não encontrando um assunto sob o qual quisesse verdadeiramente debruçar a
minha análise, entendi fazer um apanhado sobre três assuntos que marcaram a
semana futebolística. E um dos assuntos que mereceu várias abordagens, e foi
tema de discussão no Futebol Português, foram as palavras do Professor Manuel
Machado, Treinador do Moreirense após visita ao Estádio do Dragão que culminou
com uma derrota por 3-0.
É capaz do melhor e do pior, pois a forma sábia de como usa a palavra
tanto o leva para o bem como para o mal. Estreou-se no mês de Agosto com as
seguintes palavras: “Nunca despromovi equipa nenhuma e espero que não venha a
acontecer este ano.”. Bonitas palavras de desresponsabilização de um Treinador
que todos sabemos do contributo que não deu a Nacional da Madeira e Arouca na
temporada passada. Mas, e viajando até ao passado fim-de-semana, tentou
sensibilizar a sociedade portuguesa, em particular os adeptos do Futebol, em
relação a uma suposta desigualdade que existe entre os três grandes clubes
nacionais em comparação com os restantes, classificados como “carne para
canhão”. Esta desigualdade, embora eu concordo que exista, não torna impossível
existirem boas equipas e bons trabalhos na Liga Portuguesa. Que o digam Paulo
Fonseca com o seu Paços de Ferreira, em duas ocasiões, e Marco Silva com o seu
Estoril em duas temporadas consecutivas… por coincidência os últimos dois
treinadores a conseguirem sair de Portugal e terem sucesso por terem ideias
positivas e as conseguirem aplicar nas suas equipas.
Na verdade, encaro esta desigualdade como uma motivação ainda maior para
os clubes pequenos superarem os grandes. Há que ter presente que os clubes
grandes perdem pontos, certo? Estou curioso para perceber o caminho que o Rio
Ave de Miguel Cardoso tomará nesta Liga, bem como o Desportivo de Chaves de
Luís Castro, que iniciou com um calendário complicado, mas já foi capaz de dar
boa réplica a Guimarães e Benfica, precisamente porque tem um Futebol agradável
baseado na vontade que tem em ter a bola.
Enquanto leitor gosto sempre de assinalar certas frases ou expressões e
guardá-las, porque a mente vai-se esquecendo ao longo do tempo. Após o Sporting
vs Vitória de Setúbal, Fernando Guerra cronista do jornal “A Bola”, escreveu
que José Couceiro deu, em Alvalade, uma “Lição de Futebol Não Jogado”. Apreciei
a capacidade do cronista, pelo menos foi assim que interpretei, de elogiar algo
que jamais deveria ser elogiado, embora também condenasse a estratégia de
Couceiro. Então, tais desigualdades levam a que se largue o futebol espectáculo
optando-se por um martírio! A expressão que retive foi “ Lições de Futebol Não
Jogado”.
Mudando o “chip”, normalmente diz-se “novo fim-de-semana, nova polémica”,
mas o Futebol Português no seu esplendor deu-nos duas polémicas num só fim-de-semana.
Um regalo para os trios que por esses canais de informação se formam para
discutir a actualidade desportiva. O caso Jorge Sousa e a gravidade das
palavras dirigidas a Vladimir Stojkovic, atleta do Sporting B.
Para nova polémica, nova expressão que, na primeira vez que a ouvi,
gravei, e sempre utilizo quando falo de arbitragem. “ O melhor elogio a um
árbitro é não se falar nele”. Ouvi-a da boca de Pedro Henriques, comentador da
SporTv. Acredito ser da sua autoria. Na verdade, esse é o principal papel de um
árbitro: não dar nas vistas. Mas Jorge Sousa foi protagonista e pelas piores
razões. O Futebol influencia muitas crianças espalhadas por este país e um
árbitro com a experiência de Jorge Sousa utilizar aquele tipo de linguagem de
ataque pessoal a um profissional de Futebol...é feio. Mas é Futebol Português e
basta!
Já ontem, o Sporting Clube de Portugal carimbou o passaporte para a fase
de grupos da Liga dos Campeões, conseguindo superiorizar-se com um 1-5 frente
ao FCSB, algo que não o tinha conseguido fazer na primeira mão. Foram dez golos
nos dois últimos jogos, sucedendo a um golo em dois jogos, frente a Vitória de
Setúbal e o mesmo FCSB. Então o que mudou?
A necessidade da utilização do corredor central nestes dois últimos jogos
foi mais acentuada aquando do momento com bola. Um jogo baseado em cruzamentos
não favorece o Sporting, tão pouco o Futebol moderno caminha para essas
características. Bas Dost passou de fazer assistências de cabeça para o seu
companheiro do ataque, para ser o finalizador que é e sabe ser. E essa melhoria
na capacidade de jogo interior deve-se a um homem: Bruno Fernandes. Jorge Jesus
rotulou-o de craque e definitivamente este jogador enche-me as medidas. Bruno
Fernandes é um jogador que dá alegria ao espectador e dá alegria à bola também.
A classe que coloca em todas as suas acções é formidável. A sua
capacidade de passe não engana e poderá servir para este Sporting como uma
espécie de João Mário, não partindo da mesma posição, mas pisando os mesmos
terrenos. Importa também referir a capacidade de remate do médio português que
tanto incomodou Miguel Silva. Quem também vimos pisar terrenos diferentes foi
Gelson Martins. Jogou grande parte do jogo de Guimarães como extremo esquerdo,
mas mesmo partindo da direita já começa a fazer movimentos que visam criar
superioridades numéricas no flanco oposto. Algo a atentar nos próximos tempos.
Entre “Lições de Futebol Não Jogado” a Jorge Sousa, cabe dizer que ainda
bem que ontem houve Liga dos Campeões para se dar algum Futebol a este artigo.
Pedro Cardoso
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