Sou um fã confesso da Premier League, considerando-a mesmo um mundo à
parte no universo do Futebol. E sou um fã confesso de Marco Silva, por diversas
razões, sendo a mais relevante o facto de ser um treinador que impulsiona as
suas equipas a praticar algo que me agrada imenso – Futebol Espectáculo. Esta
sua nova aventura nos Tigers dá-me uma certeza: em caso de sucesso (tenha-se
como sucesso a permanência na Premier League), Marco Silva terá reconhecimento
no campeonato mais interessante do mundo do Futebol, além daquele que levou o
Hull City a contratá-lo e isso é bastante aliciante. No que diz respeito à sua
já notória influência no futebol praticado pelos Tigers, parece-me que o jogo
Chelsea vs Hull City pode revelar-nos aquilo que será a sua equipa daqui a
um/dois meses em termos das Ideias, dos Princípios e do Modelo de Jogo que irá
trilhar para atingir o seu principal objectivo.
O Hull City apresentou-se em Stanford Bridge com uma defesa a três.
Maguire, Dawson e Davies eram os três jogadores mais defensivos, sendo que a
largura da equipa ficava a cargo de Robertson na esquerda e Elabdellaoui na
direita. A preocupação em criar superioridade numérica nos flancos, aquando do
momento defensivo obrigavam Evandro a fechar na direita e Clucas na esquerda.
No plano defensivo, e para encurtar o espaço a Diego Costa, quando o centro de
jogo era o corredor central, um dos três defesas saía para a posição 6. Marco
Silva habituou os seus conhecedores a equipas bem organizadas e a equipa tinha
a sua estratégia defensiva bem planeada.
E quanto ao processo ofensivo? Que resposta dava a equipa com bola? Na
verdade, parece-me ser aqui que se denotarão as principais diferenças no futuro
desta equipa. Mais do que discutir se o esquema defensivo se apresentou com
dois ou três centrais, até porque o futebol para mim é bem mais que um desenho,
atentemos ao processo ofensivo.
Com efeito, contratar Marco Silva é contratar uma nova abordagem, baseada
num estilo diferente dos antigos treinadores (lembrar que o Hull City já vai no
terceiro treinador esta época). Contratar Marco Silva é apostar no controlo da
bola, na definição dos ritmos do jogo, tal como se viu nos poucos jogos que o
técnico português já fez. Neste jogo com o Chelsea, os momentos com bola foram
poucos, considerando aquilo que Marco Silva pretende (compreenda-se o contexto
do jogo), mas contra Bournemouth e Manchester United o controlo foi pleno. Um
futebol com bola e com vários apoios/soluções ao portador da bola na tentativa
de criar desequilíbrio no adversário. Um verdadeiro futebol apoiado,
concordando precisamente com o nome deste Blog.
Atendendo ao novo conjunto de ideias que esta equipa vai levar e tentar
transportar para dentro de campo até ao final do campeonato, surgem-me várias
questões. O tempo corre contra Marco Silva, obviamente. Pôr em prática uma
mudança de paradigma tão grande numa equipa leva tempo. E em Futebol, tempo é
um factor bastante relativo. A equipa precisa de ganhar e de ganhar
rapidamente. Mas terá o treinador português equipa suficiente, qualitativa e
quantitativamente, para poder implementar realmente as suas ideias? Até que
ponto é que as ausências de Livermore, Snodgrass e Mason serão nefastas para a
implementação desta nova abordagem?
Acredito que um treinador define-se pelas suas ideias aliadas ao contexto
em que se encontra. E tenho a certeza que Marco Silva triunfará (ou não)
consoante aquilo que defende no Futebol.
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