Observador/Scout
(ou “Olheiro”, como era conhecido antigamente) é uma designação que, hoje em
dia, consta do vocabulário futebolístico de todos os intervenientes do mundo do
Futebol. No meu ponto de vista, existem duas grandes categorias de Observadores:
Observador de Equipas - estuda os
adversários para resumir a informação que é relevante com a finalidade de
ajudar a sua equipa a ter sucesso. Dependendo de cada Treinador, os relatórios
podem ser focados em Sistemas Tácticos, Bolas Paradas (Esquemas Tácticos), em
movimentos rotinados, etc.
Observador de Jogadores – faz prospecção
de uma forma mais individualizada, com vista aos atributos de cada atleta, do
seu potencial e de outras características que são consideradas importantes na
sua escolha.
Tanto uma como
outra função são extremamente importantes, mas neste meu artigo irei
debruçar-me sobre o papel do Observador de Jogadores.
A crise
económico-financeira mundial, que afectou também os clubes de Futebol, promoveu
a necessidade da constante procura pelos “mais aptos”, ao mesmo tempo que
elevou a importância da aposta na Formação dos jovens atletas. Para além de se
querer potenciar ao máximo as capacidades do atleta e usufruir do seu
rendimento desportivo, o objectivo do clube passa agora, também, por alcançar
(com uma futura venda) um bom encaixe financeiro.
Na maioria das
vezes o trabalho do Olheiro é feito de forma solitária e secreta. Porém, este trabalho
de Observação só faz sentido se estiver enquadrado na estrutura do clube, com directrizes,
nomeadamente sobre as idades e o perfil do atleta procurado e os objectivos
dessa prospecção.
Por vezes na Observação
podem existir dúvidas sobre como deve um Scout avaliar um ou mais jogadores.
Questões como “O que avaliar para cada posição?”, “Que indicadores são mais
importantes e mais relevantes para uma boa avaliação: físicos, tácticos ou
psicológicos?” são frequentes e demonstram o quão diversificada pode ser a base
de análise de um Observador.
Para o Scout
conseguir prever o potencial de um atleta deve conhecer bem todos os escalões,
pois só assim poderá saber o que destacar nas várias idades. Para além disso, para
se conseguir efectuar um relatório que descreva o autêntico potencial do atleta,
é necessário fazer várias observações e/ou obter informações fidedignas.
Aurélio
Pereira, um dos Observadores mais conhecidos a nível nacional, que há mais de
duas décadas descobre talentos em nome do Sporting (Futre, Figo, Ronaldo, Nani,
entre outros), defende que “A habilidade natural é a primeira qualidade que se
pode observar, mas a velocidade de execução, de deslocamento, são factores
determinantes”. Segundo ele, sem essas qualidades, não há talento que resista.
Alguns
treinadores defendem também que a nível da evolução do atleta, os aspectos
físicos (como a velocidade, a resistência e a força) são
os mais difíceis de adquirir. Por exemplo, num caso em que se tem um jogador
rápido, mas com dificuldades técnicas e se tem outro lento, mas bom
tecnicamente, mais facilmente se consegue melhorar a técnica do jogador rápido
do que a velocidade do jogador lento. No entanto, é evidente que tudo isso
depende da forma como o atleta é treinado.
Por isso, como
anteriormente referi, existe uma enorme importância em perceber qual o perfil de
jogador procurado. Se o Observador não tiver indicações do clube, quando
destaca determinado atleta, irá fazer a leitura do potencial do jogador para a sua
forma de trabalhar, podendo não ir ao encontro do que é pretendido pelo clube
(pode não encaixar no sistema táctico, não desempenhar as tarefas pretendidas
para determinada posição, etc.).
Concluindo, na
minha opinião, o sucesso versus insucesso do Departamento de Scouting não
depende apenas dos Observadores, mas de todos os intervenientes, desde quem
determina as directrizes, passando pelo Treinador e até ao próprio atleta. Por
estas razões, o Scouting deve ser acompanhado de modo a ir ao encontro da
“política” de contratações do clube, pois só assim poderá melhorar o plantel.
Ou não fosse o todo muito mais que a soma das partes!
Rui Gomes
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