Advertisement

Main Ad

Mercado de Inverno – Quem dita as leis: o dinheiro ou a competência?

     

      Pouco mais de quatro meses depois do início do Período Pré-Competitivo (Pré-Época) e praticamente todos os clubes deparam-se com o mesmo problema: o Mercado de Inverno. Problema? Não será antes solução? A verdade é que, como em tudo na vida, o Mercado de Inverno pode ser encarado sob as mais diversas perspectivas. E de todas elas, parece-me que existem duas que se destacam das demais – a Perspectiva do Dinheiro (ou da falta de dinheiro) e a Perspectiva da Competência (ou da falta de competência).
         Falar de Dinheiro é falar de negócios. E os negócios tanto podem surgir por opção estratégica de quem manda no clube (vide o caso de Gonçalo Guedes, recentemente transferido por cerca de 30 milhões de euros para o Paris Saint-Germain, numa operação que poderá render um total de 37 milhões de euros, mediante objectivos) como por necessidade extrema para a não desvalorização de um activo (como terão sido os casos de José Fonte ou Dimitri Payet, transferidos recentemente para o West Ham United e o Olympique de Marseille). Em qualquer um destes casos é possível perceber que o Dinheiro influenciou decisivamente o desenrolar dos acontecimentos e que o mais importante terá sido a possibilidade de lucro imediato…mesmo que isso possa vir a afectar o rendimento desportivo dos clubes vendedores.
        Mas existem também clubes que necessitam realmente de Dinheiro. Clubes que se encontram numa situação financeira frágil, instável e que carecem de um Projecto Desportivo sustentado. Clubes de todas as dimensões e não apenas aqueles que muitos designam como “pequenos”. O São Paulo Futebol Clube, por exemplo, Tricampeão Mundial de Clubes, Tricampeão da Libertadores e Hexacampeão brasileiro, atravessa um período de recessão financeira tão grave que pode vir a vender três dos seus mais valiosos activos (Lyanco, Luiz Araújo e David Neres) apenas e só por necessidade financeira…
          No entanto, existe ainda a questão da Competência. Um clube que esteja a ter uma performance acima da média, que esteja a ser a revelação do principal campeonato do seu País torna-se, de um momento para o outro, numa montra de jogadores. E os seus jogadores passam a ser naturalmente cobiçados por emblemas cuja capacidade financeira é maior e mais atractiva. Daí não espantar, por exemplo, que o Desportivo de Chaves tenha já vendido três dos seus jogadores mais nucleares até ao momento: Paulinho e Assis (para o Sporting de Braga) e Leandro Freire (para o Shimizu S-Pulse, da J1 League). Aliás, o Desportivo de Chaves merece ver reconhecida a Competência de toda a sua estrutura, desde quem escolhe os jogadores até quem os contrata, passando ainda pelo Treinador que os trabalha e potencia para alcançarem outros vôos.
           Porém a Competência pode ser ainda analisada…pela sua ausência. Só isso poderá explicar, no meu entender, a devolução de jogadores emprestados que nunca deveriam ter sido equacionados ou a ânsia em colocar jogadores de qualidade duvidosa que nunca deveriam ter sido contratados. Principalmente quando estes emprestados e contratados de qualidade duvidosa acabam por “tapar” o caminho a jovens jogadores cuja mais-valia é notória e indiscutível…pelo menos para mim…
          Atendendo ao que aqui foi exposto, posso afirmar-vos que olho para o Mercado de Inverno com desconfiança. Creio que é mais um problema do que uma solução. Senão vejamos: se um clube planeia bem a sua época, estruturando-a e dotando-a de bases seguras para uma temporada estável, se um clube escolhe criteriosamente o Treinador e este escolhe cirurgicamente os jogadores ideais para interpretar o seu Modelo de Jogo…Este clube precisará de recorrer ao Mercado de Inverno?
         Bem sei que no Futebol existem imponderáveis que não conseguimos controlar ou prever (lesões, castigos, assédio de clubes com maior poderio financeiro, etc)…mas não vos parece que, não existindo um cenário perfeito e idílico para a realização de uma época 100% fiável, cabe aos clubes procurar ao máximo a criação de condições para que a ida ao Mercado de Inverno deixe de ser uma constante e passe a ser apenas algo pontual? 

Laurindo Filho

Enviar um comentário

0 Comentários