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Criar ou Limitar?


Cada jogo é um jogo e cada jogo tem a sua “história”. Independentemente disso, é sabido que para se conseguir a vitória é necessário criar ocasiões de golo (e finalizar!!) e limitar ao máximo essas ocasiões ao adversário (para que não finalizem). Ambas as acções são importantes. Porém, existem equipas que dão mais importância a limitar o adversário do que a criar oportunidades quer seja em contexto de treino quer em contexto competitivo. Equipas que fazem de tudo (e de qualquer maneira) para limitar o adversário.
Imaginemos um jogo (e existem vários) onde as duas equipas não querem sofrer e procuram só limitar-se uma à outra. Acham que “em termos de espectáculo” irá ser um bom jogo?
Por várias razões, mas principalmente pela diferença de qualidade (entre as duas equipas) e/ou pelo equilíbrio dos jogos que estão a ser disputados (exemplo no CPP), as equipas passam o jogo todo a limitar o adversário. De uma forma geral, isso acontece porque durante a semana analisam o adversário até à exaustão, “esquecendo-se” que na maior parte das vezes não dá para ganhar jogos (ou pontuar) se se limitarem a anular o adversário e se esquecerem de querer ter bola. 
Essas equipas mudam constantemente em função do adversário, desde a forma como defendem ao sistema táctico em si, etc…Julgo que esta não será a melhor forma de uma equipa consolidar as suas ideias e os seus princípios e trabalhar o possível modelo de jogo que o Treinador idealiza, como provavelmente também não será a melhor forma de contrariar os adversários.
Essas equipas acabam por “abdicar” do jogo e da bola apenas para condicionar, fazendo faltas e mais faltas estratégicas, procurando matar a jogada aqui e ali, “queimar” tempo, limitando o adversário ao máximo pois, para elas, o mais importante não é o ganhar pontos, mas sim o não “perder pontos”.


Equipas que passam o jogo a querer limitar os pontos fortes do adversário em vez de criarem soluções para a vitória…quais serão as suas reais possibilidades de ganhar?
Não quero dizer com isto que recrimino quem passa o jogo a limitar/destruir, mas será que essa “estratégia” dá mais “frutos” do que criar?
Na minha opinião, se a estratégia usada contra equipas de nível superior for apenas procurar limitar, isso demonstra pouca ambição por parte do Treinador. E esta opção será muito pior se acontecer entre duas equipas de níveis semelhantes. Para além dessa falta de ambição que se reflecte no campo, também o adepto/simpatizante não terá acesso a um bom espectáculo…e quando isso acontece de forma continuada pode levar à redução do número de espectadores nos campos de Futebol.
O Futebol não é um puzzle e por isso mesmo, sendo um jogo com infinitas variações, podendo-se antecipar com aproximação o que vai acontecer (analisando o adversário e procurando comportamentos rotinados e pontos fortes a limitar), não se pode prever exactamente o que irá acontecer ao longo dos 90 minutos.
Sobre controlar os jogos, Johan Cruijff dizia: "Se a tua equipa tiver a bola, não será preciso defender. Só há uma bola em campo".
Então para limitar o adversário o melhor não será procurar ter a bola? Será razoável mudar constantemente de identidade e de sistema táctico? A melhor forma de limitar não será a criar?

Rui Gomes

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