Nota dos
Autores: o Futebol Apoiado decidiu abordar este tema por haver uma identificação
total com o mesmo e por considerarmos ser importante falar de algo que deve ser
transversal a todos os jovens Treinadores Amadores que ambicionam chegar ao
Profissionalismo. Assim sendo, este artigo que vos apresentamos é um texto
conjunto, representativo das nossas ideias e das nossas crenças.
Começamos por
afirmar que não existem fórmulas mágicas que permitam a um jovem Treinador
Amador chegar ao Profissionalismo de uma forma sólida e consistente. Ou seja,
não existe apenas um caminho a seguir, nem apenas um rumo a tomar. Todos os
passos e todas as decisões devem ser ponderadas de acordo com o contexto em que
o Treinador está inserido. É impossível querer chegar ao topo sem perceber a
realidade envolvente.
No nosso
entendimento, o primeiro passo fundamental para que se possa percorrer um
caminho sustentado está relacionado com o conhecimento próprio acerca do
caminho que se quer percorrer. Um Treinador Amador tem de ser e estar
consciente daquilo que quer, de como o quer e de até onde está disposto a
querer percorrer o seu caminho.
Podemos
relacionar com este ponto um traço de personalidade importante: a resiliência.
Um Treinador Amador que não esteja disposto a levantar-se após cada uma das
suas quedas é um Treinador sem futuro (e sendo certo que há Treinadores que “caem”
menos vezes do que outros, também é certo que todos os Treinadores “caem”).
Depois de
saber o caminho a percorrer, um Treinador Amador deve preocupar-se em adquirir
conhecimentos e competências num plano teórico para, em seguida, poder
trabalhar esses mesmos conhecimentos e essas mesmas competências no campo. É
aí, através do seu Processo de Treino e da concretização do seu Modelo de Jogo,
que o Treinador Amador vai poder experienciar de forma prática todas as suas
ideias, todos os seus princípios, enfim, todo o seu jogar. Só assim um
Treinador Amador poderá acumular experiências que lhe permitam subir, patamar a
patamar, de modo a ser cada vez mais competente e consistente na sua forma de
trabalhar.
Esta
progressão, que se requer sustentada e em crescendo, leva-nos a um pormenor que
nos parece bastante importante: quem quer chegar ao Profissionalismo tem de ser
100% profissional em todas as etapas do seu caminho. Não podemos pensar que, só
por estarmos no Distrital, podemos relaxar e/ou facilitar perante este ou
aquele cenário. Tudo é digno e merecedor da nossa máxima atenção, seja no
Distrital, seja na I Liga.
Obviamente que
estes pressupostos são importantíssimos, mas só se revelarão essenciais se,
quando chegada a devida altura, o Treinador Amador souber aproveitar a
oportunidade. O “comboio” passa sempre uma vez à porta da nossa “estação” e
cabe-nos a nós, Treinadores Amadores, estarmos prontos e preparados para
subirmos a bordo, traçarmos a rota e chegarmos ao nosso destino.
No entanto, há
factores que podem e devem ser tidos como fundamentais para que um Treinador
Amador possa desenvolver um bom trabalho, de modo a poder provar ser merecedor
de um outro patamar competitivo, de um patamar competitivo mais elevado.
Falamos das “Condições”: Estrutura Directiva Competente, Plantel Equilibrado e
Competitivo, Departamento Médico Competente, etc. Se é possível um Treinador
Amador desenvolver um bom trabalho ao ponto de chamar a atenção sobre “si” sem
estas condições? Possível, é sempre, no entanto imaginem-se a trabalhar com um
plantel de 10 jogadores por unidade de treino…
A adaptação
sócio-cultural ao clube em que se está ou vai trabalhar também se assume como
importante. Um Treinador Amador tem de perceber sempre o ambiente que o rodeia,
as pessoas com quem trabalha, os hábitos e os costumes do clube em que se
trabalha, bem como tudo o que tenha a ver com os Agentes Desportivos que fazem
parte da realidade desse mesmo clube.
Não podemos
nos esquecer ainda de algo que é vital para que um Treinador Amador possa
começar a escalar rumo ao topo: as vitórias. Um bom Processo de Treino é
fundamental, no nosso entender, mas é preciso que a qualidade desse mesmo
Processo de Treino se traduza em vitórias. Uma vitória sem um bom Processo de
Treino pode ser considerada como um “acidente”, mas um bom Processo de Treino,
mais cedo ou mais tarde, levará o Treinador às vitórias.
Tudo o que
focámos nos parágrafos anteriores a este está relacionado com aquilo que
acreditamos poder ser o caminho a seguir por um Treinador Amador que deseja
chegar ao Profissionalismo. Este caminho, não sendo uma verdade absoluta, é o
caminho com o qual nos identificamos através das nossas personalidades e
convicções. É o caminho que nos mandam seguir os nossos corações e as nossas
cabeças.
Mas será que
tudo se resume a caminhos? Não haverá também trilhos? Estradas mais curtas em
extensão e, em alguns casos, mais directas?
Há. Todos nós
somos conhecedores das “cunhas”. Todos nós somos conhecedores dos famosos “lambe-botas”.
Todos nós somos conhecedores daqueles que parecem ser “invertebrados” e que
dobram a sua espinha dorsal perante as vontades de terceiros…mesmo que isso vá
contra as suas próprias convicções...
Se os trilhos
não são uma opção válida? Claro que são. Da mesma forma que o “futebol estica
na frente” pode ser uma opção válida em detrimento do Futebol Apoiado. Cada
Treinador é livre de optar pelo caminho ou pelo trilho que entender.
0 Comentários