CENA
Conferência de Imprensa Selecção Nacional Sub-21.
Jornalista Sporting TV já se encontra na sala com os restantes jornalistas.
Entra Rui Jorge.
SPORTING TV
– Convocou dois jogadores, Francisco Geraldes e Daniel Podence, que estavam a
ter muitos minutos de competição na Primeira Liga, ao serviço do Moreirense, e
que entretanto regressaram ao Sporting, (…) qual a importância destes
jogadores serem a aposta de um clube grande em Portugal?
RUI JORGE –
Aposta? (pausa para relembrar a sua
posição como Seleccionador Nacional Sub-21) Aposta de um clube… (nova pausa para manter a seriedade perante a
pergunta anteriormente imposta) No Moreirense estava, como disse, com
muitos minutos de competição. (…) Acreditamos nas qualidades deles e esperamos
que continuem a ter minutos.
O exercício
anterior, através de uma performance
teatral de excelência de Rui Jorge, contendo-se perante uma pergunta sobre uma
suposta aposta de Jorge Jesus em Francisco Geraldes e Daniel Podence, poderia
transformar-se num êxito teatral, não fosse o maior talento de Rui Jorge o
Treino de Futebol e a preparação das suas equipas para transporem as suas
ideias para os mais variados palcos onde actuam. Na verdade, a reacção do mesmo
à pergunta do jornalista da Sporting TV diz tudo sobre a suposta aposta na
formação do Sporting: tem sido praticamente nula.
Para o
demonstrar, cito dois nomes que não serão alvo de análise profunda: João
Palhinha, jogador condenado a entrar nos descontos, e Iuri Medeiros, que
continua a encantar ano após ano, mas que para Jorge Jesus dificilmente
contará. Depois, apontar dois atletas, cujos casos terão um comentário mais
cuidado, sendo eles Francisco Geraldes e Daniel Podence.
No caso de
Francisco Geraldes, a menos que acontecesse uma mudança táctica na equipa do
Sporting para um meio-campo a três, e tendo o clube de Alvalade dois campeões
europeus titulares a “6” e a “8”, antecipava-se vida difícil para Geraldes. A
lesão de Adrien dá, então, um problema ao timoneiro dos leões: explicar a parca
aposta no ex-Moreirense. Tal timoneiro elogia a qualidade técnica de Geraldes,
mas aponta-lhe fragilidades físicas e tácticas para assumir o papel de “8” da
equipa. As mesmas fragilidades tinham Bernardo Silva e André Gomes, este ainda
que em part-time, supomos nós. No cômputo geral, cinco minutos jogados ao
serviço do Sporting, tendo como registo uma grande penalidade ganha. Calma Rui,
mantém a postura… Adiante...
O caso de
Daniel Podence é diferente. Enquanto Geraldes não é aposta, Podence já o foi,
de certa forma, mas sem continuidade. Entrou frente ao Moreirense, sua antiga
equipa, para ser o principal desequilibrador na busca da remontada, mas no jogo
seguinte ficou no banco. Teve o mérito de merecer a titularidade frente ao
Tondela, o seu colega do ataque fez quatro golos, sendo Podence responsável por
momentos de alto quilate técnico, até que… na jornada seguinte sentou-se
novamente no banco. Aposta? Não me digam que há aposta na Formação quando um
atleta que custou 8 milhões de euros tem inúmeras oportunidades, mas que ao
longo da época raramente as justifica. Apostar na Formação, numa recta final
sem objectivos para conquistar, seria dar condições a estes jovens para
crescerem como jogadores, jogando. Dando um exemplo, no último jogo frente ao
Vitória de Guimarães, Jesus fez entrar Campbell, jogador que contratualmente
não pertence ao Sporting, deixando Podence sentado no banco. Resultado?
Campbell, acompanhando Bruno Gaspar a passo, permite-lhe fazer o cruzamento
para o golo de Moussa Marega. Portanto, onde está aqui a tal aposta na Formação?
E os resultados práticos dela?
No Sporting
de Jorge Jesus há uma aposta na qualidade, nos elementos que o Treinador
entendem ter qualidade para servir a equipa, sendo esses elementos ou não da Formação.
Portanto, que se clarifique esta suposta aposta na Formação. Aposta? Para
inglês ver. Bom trabalho, Rui!
Pedro Cardoso
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