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Jogar Depois dos Trinta no Futebol Feminino


Ponto Único: as que jogam sempre e as que nunca jogam têm uma importância crucial no grupo.


Num balneário Feminino, a paixão pelo Futebol e as relações criadas em cada época mantêm atletas no activo mesmo que o número de jogos realizados seja baixíssimo, o que demonstra que a idade pode não representar mais experiência ao nível do jogo, mas pode providenciar experiência ao Treinador. Existe também o oposto, as que jogam, jogam e continuam a jogar bem para lá dos Trinta.
A ligação que mantenho com as jogadoras mais velhas e mais experientes do plantel é extremamente importante para o equilíbrio da equipa. Sempre que julgo ser fundamental intervir em determinado contexto é a elas que recorro. Sempre que o assunto é de carácter mais pessoal e delicado, e sinto que é importante a experiencia feminina, coloco-as ao meu lado na conversa.
Sem as atletas mais velhas seria impossível realizar uma ponte entre as idades que considero fulcrais no Futebol Feminino, 15 – 20 e 21 – 25 anos. A diferença de idade no meu plantel nota-se pouco porque o apoio, a intensidade exigida e a força transmitida pelas mais velhas faz com que o grupo se mantenha unido e fiel ao princípio que decidiu abraçar.
Sónia Almeida, Dina Almeida e Sílvia Santos, acima dos 30 anos, e Antónia Amaro, Ana Martins e Teresa Pinheiro, acima dos 26 anos, são as jogadoras que, de diferentes formas, servem de exemplo para uma época de evolução consistente. Seja em treino, em jogo, em momentos de lazer ou em questões particulares, elas estão sempre disponíveis para ajudar. Por exemplo, a Teresa, mesmo sem jogar, conhece as colegas de uma forma única e tem sempre uma palavra importante a transmitir. Obrigado pela Vossa dedicação única mesmo com todos os obstáculos.


Umas das estratégias adoptadas foi a inserção de ex-jogadoras da U.R. de Cadima nos treinos, todas nascidas na década de 70: a Mónica Varanda (39), a Dulce Oliveira (39), a Raquel Jesus (38) e a Sandra Lopes (40) foram, e são, importantes para transmitir garra, força, união e o espírito que uma equipa deve ter em treino. Fantástico, um agradecimento especial por todo o apoio.
Celebrei já 13 anos como Treinador, tendo efectuado apenas uma paragem de 7 meses, e recordo com imenso respeito o primeiro contacto visual com o Futebol Feminino, precisamente na minha época de estreia em 2003. Estive no Algarve e vi a Edite Fernandes, a Carla Couto, a Carla Cristina e a Paula Cristina com uma presença que me chamou à atenção. Ao fim destes anos a Edite Fernandes e a Paula Cristina ainda jogam na Primeira Divisão. Julgo que estes exemplos, a par de outros com mais de 40 anos, devem ser preservados e usados para fomentar o Futebol Feminino Português em todos os cantos, não só no país, mas em todas as comunidades de Língua Portuguesa.
Desejo que a despedida de todas as Princesas, Guerreiras e Grandes Mulheres seja sempre realizada de forma condigna. Eu tentarei fazê-lo com as minhas.
Nunca devemos esquecer as origens, da mesma forma que não devemos esquecer quem iniciou e trilhou o primeiro caminho, por vezes sem condições, apoio e Formação, para chegar a um mundo bem mais fácil de orientar nos dias de hoje.


Filipe Silva

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