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Motivar no Momento Certo


Esta semana assistimos à maior remontada na história da Liga dos Campeões. Foi de facto um privilégio poder assistir à essência do Futebol, a um início cheio de questões e um final repleto de emoções fortes. A verdade é que este jogo demonstrou o quanto o Futebol consegue ser imprevisível, repleto de passagens entre o impossível e o possível, mas mais uma vez ficou demonstrado que tudo é possível para quem acredita e trabalha com afinco.
          Arbitragens e polémicas à parte, este é provavelmente um dos maiores e melhores exemplos do que uma equipa motivada poderá fazer face a qualquer mau momento a nível exibicional. É certo e sabido que o FC Barcelona não tem tido uma das melhores épocas dos últimos anos, mas a realidade é que sempre que os atletas se encontram com os níveis de confiança e motivação bastante elevados conseguem realizar exibições memoráveis e condizentes com a exigência a que estão acostumados a lidar diariamente. Todos sabem a qualidade dos jogadores do FC Barcelona, constituindo um plantel com alguns dos melhores executantes e praticantes a nível mundial. Agora imaginem se estes executantes conseguissem ter sempre os índices de motivação bastante elevados, seriam formidáveis, não?
         “Como, onde, quando e porquê?” são as variáveis que quero colocar em consideração nesta abordagem. Será que a época atípica estará relacionada com uma má preparação estratégica no planeamento? Será que tudo isto foi despoletado por uma má abordagem preparatória da parte do Treinador, aliada a uma deficiente abordagem técnico-táctica desde o início de época? Ou será que o nível preparatório do psicológico dos jogadores não tem sido tão bem trabalhado como noutras épocas?  


                 A nível estrutural tem sido notória a dificuldade em suster rumores como a saída de Lionel Messi, Neymar ou Luis Enrique (que acaba de confirmar a sua saída no final de época), assim como tem sido fácil de verificar a mesma dificuldade em proteger os novos elementos dentro da equipa como André Gomes e Ter Stegen. Muito ruído para um clube que está habituado a vencer anualmente e que habituou a base dos atletas pertencentes a este grupo a praticar um Futebol de excelência e a desfrutar disso mesmo.
             A Equipa Técnica tem tentado desempenhar esse papel, ainda que sem total sucesso. A estrela Neymar teve um período de enorme dificuldade sem conseguir ajudar a equipa com golos, conseguindo estar agora motivado e aparecer no momento em que a equipa precisa. Coincidências? Luís Suarez continua envolvido em algumas polémicas, sendo ligado várias vezes a agressões ou tentativas de agressão, estando distante do jogador que chegou ao Barcelona bastante focado e motivado em superar as críticas de que vinha sendo alvo. Lionel Messi vê-se envolvido em várias manchetes, algo a que vem estando habituado, mas lida como se nada fosse e continua a ter o protagonismo a que tanto nos habituou. André Gomes e Ter Stegen têm estado seguros na equipa principal pelo Treinador Luis Enrique, sendo que são várias as críticas pelas performances dos dois atletas, principalmente em relação ao português. Ambos os jogadores são ligados às várias más prestações colectivas, surgindo um ruído fora do comum em relação a um suposto mau estar pela utilização do português André Gomes, colocando em causa Luís Enrique perante o grupo.
                Então à partida para o jogo com o PSG terá sido feito um trabalho que provavelmente não tem sido tão eficaz como durante o resto da época. Os níveis motivacionais teriam de estar elevadíssimos para este jogo, como tal, a reacção pós-jogo (1ª mão) seria o momento mais importante, sendo perceptível que, com tanta qualidade de executantes no plantel (mais um “extraterrestre”), tudo seria possível. O importante seria conseguir uma reacção bastante forte dentro do grupo, motivando-os para o jogo com o PSG (2ª mão), sendo que o jogo que antecederia a eliminatória teria capital importância para motivar os atletas, pois só uma boa resposta iria catapultá-los para a dimensão onde os reis vivem. Porque certamente para estes atletas que já conquistaram tanto na vida, a maior motivação seria superar o impossível e calar todos os críticos que diziam que a equipa estava arrumada.
                 Aqui se viu a mão do treinador, com uma estratégia bem delineada dentro e fora de campo. Todos remaram para o mesmo lado, todos lutaram pela mesma batalha. Se não os soube motivar noutros momentos, desta vez motivou-os no momento certo.

Ricardo Carvalho

                                                                

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